"Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o criador, que é bendito eternamente." Romanos 1:25.
Por que mentimos para nós mesmos?
- Introdução
- O papel do Ego
- Quais mentiras contamos a nós mesmos?
- Reconhecendo a própria mentira
- Por que o Ego nos engana?
- Conclusão
Introdução
A percepção do mundo a nossa volta é criada a partir de nossas próprias crenças, experiências passadas, nossa própria interpretação de fatos, nossa forma de ver a vida, nossos conceitos, nossas ideias. Vemos o mundo a partir de nós mesmos, tudo sou Eu.
O Eu é o centro de tudo, é dele que parte nossa visão tanto do que somos como do que o mundo é.
Nosso Ego tem enorme influência em nossas vidas, por isso se desprender dele é nossa melhor forma de combater a pior mentira que existe: aquela que contamos a nós mesmos.
O papel do Ego
Primeiro devo vos alertar de que não podemos confiar em ninguém, nem mesmo em nós mesmos. Isso não tem relação alguma com amor-próprio nem com autoconfiança.
Devemos sim acreditar em nosso verdadeiro potencial, devemos sim ter amor-próprio, porém falo aqui de outra maneira, quando acreditamos em nossas próprias mentiras e confiamos naquilo que dizemos para si mesmos, sem primeiro nos certificar de que podemos estar enganados.
A única maneira de reconhecer que estamos mentindo para nós mesmos, é primeiro ter a consciência de que somos ou podemos estar sendo na maior parte do tempo sendo controlados pelo Ego. Ele é um colaborador frequente se não o ator principal no papel de mentiroso.
O Ego é o nosso Eu interior. Ele pode ser ofendido, magoado, ele pode se sentir pequeno, também pode se sentir grande. A verdade é que o Ego de muitas pessoas é muito delicado. Quando então atingido por alguém ou algo externo, o Ego entra em modo defensivo, ofuscando e distorcendo nossa realidade.
Aqui, neste exato momento ocorre a possibilidade de pequenas ou grandes mentirinhas que vamos acreditando ao decorrer dos anos.
Diferenciar a realidade do imaginário pode ser muito difícil dependendo da quantidade de mentiras já ditas.
"Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento." Provérbios 3:5
Quais mentiras contamos a nós mesmos?
As mentiras podem ser as mais diversas. Vamos tentar achar um exemplo. Vamos dizer que você estivesse chateado por motivos pessoais ainda não identificados por você. Então chega um amigo seu e faz um comentário talvez inofensivo, mas que lhe desperta certo incomodo, você então começa uma discussão, ou pior, você nem ao menos comunica que está chateado, e deixa o local com diversos pensamentos a respeito daquele comentário.
Ao não buscar a origem daquele comentário que te incomodou, seu Ego ja não regulado e sem a certeza da verdadeira causa do comentário, começa a te oferecer possíveis causas.
Entenda que, estas causas muitas vezes não têm nada a ver com a realidade, elas nada mais são que razões imaginadas pelo seu ego. Você então escolhe uma destas razões como verdadeiras, e acredita nela. vamos dizer que você acredita que esta pessoa fez este comentário porque ela não gosta de você, ou que ela lhe jogou uma indireta.
Considere que nenhuma destas conclusões foram positivas. Pronto, essa mentirinha já foi plantada em seu coração, acompanhada de outros sentimentos negativos relacionados a esta pessoa, que pode ser verdadeiramente uma boa pessoa que foi simplesmente incompreendida.
Posso mentir que sou uma pessoa muito amorosa, posso mentir que sou uma pessoa muito crente, posso mentir ou ter a imagem distorcida de que sou uma pessoa muito estudiosa, quando na verdade apenas penso que sou, em realidade não pratico o que penso ser.
Quando nossas ações não são coerentes com o que falamos ou cremos, já estamos então mentindo, nos enganando. A prática é a forma verdadeira é a própria realidade, e esta realidade deve estar presente no tempo contínuo, no tempo atual, se fazíamos algo ou éramos algo em tempos passados, já não somos mais, se digo que sou, novamente minto porque um dia fui e isso já não condiz com meu estado atual.
Enquanto esta mentira que você acreditou não for questionada por você mesma, isso nunca será resolvido e a verdade demorará a ser encontrada.
Por isso o mais coerente e saudável é questionar tudo a seu redor, inclusive o autoquestionamento deve ser exercitado com frequência e devemos sempre procurar encontrar a causa de tudo, o motivo pelo qual aconteceu certa coisa. No exemplo acima mencionado, sua insatisfação pessoal foi o causador do mal-entendido e não o comentário feito, pois você já não estava bem consigo mesmo, e quando não estamos bem com o nosso eu, nada está bem a nossa volta também.
Reconhecendo a própria mentira
Só reconheceremos de fato que fomos enganados por nós mesmos, quando encontramos a verdade. A verdade é livre de julgamentos e é livre de suposições, portanto, se você for questionar certo acontecimento julgando o próximo, ou se julgando, saiba que você está muito longe de encontrar a verdade.
O questionamento deve ser baseado apenas em fatos, e você deve estar desprendido de suas emoções, desejos e opiniões próprias.
Seu pensamento e questionamento deve imitar uma inteligência artificial e o seu ego deve estar completamente fora da situação analisada para que você encontre a verdadeira causa.
Quando separamos o ego de nossas vidas, começamos a encontrar respostas, causas, inícios, realidades que muitas vezes nos decepcionam, mas é a partir desse encontro ou confronto com a realidade que reconheceremos que fomos enganados pelo nosso próprio eu.
Observe o seguinte:
Suas ações condizem com as palavras que saem da sua boca?
Se você diz amar alguém, mas causa sofrimento a esta pessoa, será que suas ações são mesmo de amor? Ou são apenas palavras.
Observe o seguinte:
Seu estilo de vida, seus hábitos condizem com aquilo que você acredita, ou diz acreditar. Se creres em Deus, mas praticas o mal, você verdadeiramente crê em Deus?
Esta fé foi ensinada desta forma por Deus, ou a aprendeste de forma errada? Sua percepção sobre o que é a fé pode estar destorcida.
Em casos assim, nos convém meditar e refletir sobre o verdadeiro significado das coisas, e replicar esse significado em nosso cotidiano da melhor forma o mais próximo da verdade possível.
Quando se observarem e se autoanalisarem como quem está de fora, reconheceremos nossas mentiras, nossas limitações, nossos erros e ações que não condizem com a conduta de uma pessoa que quer ou já segue e adere a um estilo de vida cristão.
Por que o Ego nos engana?
A resposta é simples. O ego quer ser aceito. Ele quer ser aceito pelas pessoas a sua volta, mas ele também quer que você o aceite. Ele quer se parecer a pessoa mais bonita para si mesmo, para que você se ame, porque o amor-próprio é muito importante em nossa vida. O problema é que o ego não é totalmente consciente, então ele usa de muitos artifícios, inclusive a distorção da realidade, para que você se veja como uma pessoa muito boa. Se não o regulamos desenvolvemos baixa autoestima, ou demasiada autoestima levando a arrogância.
Por isso pessoas com níveis altos de “Ego”, podem se achar sempre superiores aos demais e não possuem a menor noção do que realmente são, não se conhecem, vestem uma máscara de autoconfiança, quando na verdade são cheias de inseguranças.
O contrário também acontece, pessoas que não possuem a menor ideia de quem são, em que acreditam, suas qualidades e se desvalorizam, se autodiminuem, e possuem um julgamento duríssimo contra e sobre si mesmo, ou sofrem de o que eu chamaria de coitadismo, saindo sempre como vítimas em toda ocasião. Note que ambas as situações o ser com um ego desregulado está sempre bem longe da realidade, ou seja, vive em uma mentira criada pelo seu eu interior.
A pior das mentiras
De fato, a pior das mentiras é a que contamos a nós mesmos, sabe por quê?
Se mentimos para alguém, mesmo não sendo uma atitude boa, não controlamos a pessoa, então ela pode por conta própria, questionar aquilo que foi falado e encontrar a verdade dos fatos. E pronto, ele vai saber que você mentiu, ou que estava equivocado, ou pouco informado... Vai caber a ela, o que ela decidir acreditar.
Quando a mentira está em nós, aí a coisa complica. Porque em realidade aquele que não consegue ouvir, ver ou entender a verdade, está com seus olhos vendados. Este depositará a culpa no estado, nos amigos, na família, nos filhos, na escola, no trabalho, mas nunca será o culpado. Nunca será o autor de nada. Este não tem a capacidade de olhar para dentro de si mesmo sem se julgar. Este, que nem ao menos tem consciência do que precisa ser lapidado jamais se concertará.
Por isso não ter consciência da verdade sobre nós mesmos tem efeitos e danos difíceis de serem reparados.
Como poderemos tomar responsabilidade por algo que não sabemos que causamos?
Esta pessoa desprovida de sua própria realidade, jamais se verá culpado, quando em verdade somos todos participantes, todos contribuímos de alguma forma para alguma situação, se contribuímos positivamente ou negativamente, cabe a nós analisarmos e entendermos, qual foi a consequência de nossa contribuição para este mundo e para as pessoas que nele habitam.
"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará." João 8:32
Conclusão
Eu já menti para mim mesma, muitas vezes. Anteriormente também buscava culpados, mas aprendi que eu não tenho controle sob os demais, mas posso controlar a mim mesma. Posso frear palavras, sentimentos, reações... Eu tenho escolha. Posso escolher encarar meus defeitos e tentar corrigi-los, ou posso escolher os ignorar e nunca evoluir como ser humano. Tudo é uma escolha.
A pergunta é: Qual é a sua?
Com certeza falaremos mais sobre o Ego e como ele nos afeta em outras postagens, este é um tema desafiador e vasto.
Espero que este texto venha a lhes alertar sobre crer em suas próprias mentiras. A separação do Ego e o controle dele é a maneira mais eficaz de encarar a verdade. Ela é dura, mas ela liberta, e nos leva a uma profunda compreensão do Criador e do que ele requer de nós.
O mundo se alimenta de mentiras e com elas se envenenam, aqueles que conhecem a verdade já são participantes em Cristo. Amém.

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